Colecionador de arte plástica contemporânea portuguesa, Ilídio Pinho trouxe essa sua paixão para a Fundação, mas também o objetivo de que esta pudesse assumir um novo papel no apoio às artes e aos artistas plásticos do nosso país, diferenciando a sua atuação das demais instituições.
E foi nessa busca de uma atuação útil e com impacto concreto que a Fundação promoveu o desenvolvimento de uma plataforma de informação para colocar ao serviço da arte contemporânea portuguesa e da sua comunidade designada anamnese: plataforma digital sobre arte contemporânea de/em Portugal entre 1993 e 2003, trabalho comissariado por Miguel von Hafe Pérez.
Nesta plataforma foi incluída toda a atividade desenvolvida pelos artistas, galerias e instituições portuguesas, tanto em Portugal e no estrangeiro, bem como a atividade de artistas estrangeiros em Portugal, durante aquela década. Do trabalho desenvolvido, em estreito diálogo entre uma equipa da Fundação Ilídio Pinho e o Laboratório de Design da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, resultou um website bilingue português-inglês cuja estrutura se apoia em três pilares:
– a-z, onde se compilam 438 portfólios de artistas portugueses (com 10 imagens por artista);
– 1a+1p+1a, onde figuram 65 textos de 59 autores (críticos/comissários) estrangeiros sobre obras de 52 artistas portugueses;
– eventos 1993-2003, onde está compilado o levantamento de 3.963 eventos, organizados em treze tipologias, que vão desde exposições individuais em Portugal e no estrangeiro, passando por exposições coletivas com artistas portugueses e estrangeiros em Portugal, exposições coletivas no estrangeiro, Prémios ou Arte Pública.
Cada um destes eventos está devidamente documentado, sempre que foi possível reunir a pertinente informação, com imagens (vistas de exposição e de obras; imagens de convite e de catálogo), textos de catálogo e/ou de imprensa. Estão mencionadas 1.340 instituições, portuguesas e estrangeiras, ligadas à organização dos eventos, sobre os quais estão publicadas cerca de 6.800 imagens e 800 textos, sendo que este número está em constante atualização.
A par desta plataforma, que pode ser acedida através de www.anamnese.pt, e para preencher eventuais lacunas de um trabalho de edição pessoal, foi dirigido um inquérito à comunidade artística portuguesa sobre as suas preferências relativas às exposições (individuais e coletivas próprias e de terceiros) dentro daquele período temporal (1993-2003). Responderam 236 artistas, que relevam cerca de 650 exposições no período em apreço, as quais estão devidamente documentadas em imagem e texto.
A partir destas respostas foi editado O Livro do projeto Anamnese: dois volumes que compilam, também em edição bilingue português-inglês, estas preferências dos artistas portugueses sobre aquela década, acompanhadas das respetivas imagens. Acresce informação factual das exposições mencionadas (uma lista de todas as exposições, com local, datas, artistas participantes); biografias de todos os artistas que responderam ao inquérito; e 10 textos de relevo de críticos e comissários portugueses escritos e publicados durante a década.
Após quatro anos de investigação, recolha, compilação e tratamento de informação, por parte de uma equipa que chegou a atingir os sete elementos em simultâneo, o projeto foi apresentado a 17 de outubro de 2006 no Auditório Ilídio Pinho, na Universidade Católica no Porto, numa cerimónia presidida pelo Presidente da República, Professor Aníbal Cavaco Silva.